EtniCidades
EtniCidades é com C maiúsculo mesmo! Trata-se de uma provocação para pensar que as cidades amazônicas não são formadas apenas pela ancestralidade europeia. A presença indígena e negra são fundamentais para a constituição de nossos corpos, nossas práticas culturais, nossas identidades. Enfim as ancestralidades indígenas e africanas são fundamentais para a constituição das cidades amazônicas.
Na verdade, no século XXI, não podemos mais acreditar em um discurso que invente cidades com uma única ancestralidade.
Como percebemos a pluralidade étnica das cidades amazônicas?
Como sujeitas e sujeitos se sentem ou se ressentem nas paisagens urbanas na região?
EtniCidades afro-amazônicas: narrativas e identidade na Terra Firme
Projeto de Extensão 2022-2023
Belém é uma cidade latino-americana que guarda em sua geopolítica, marcas profundas do processo de colonização que colocou à margem de qualquer direito os povos africanos e indígenas. Assim se delineiam as periferias da cidade, que ao longo desses mais de 400 anos elegeu a memória europeia como uma espécie de memória oficial da cidade. No século XXI, as marcas deste processo continuam excluindo as matrizes africanas e indígenas.
O GEDAI-CNPq, Grupo de Estudos Mediações e Discursos com Sociedades Amazônicas, liderado pela Profa. Dra. Ivânia dos Santos Neves, coordenadora do projeto “Etnicidades Afro-Amazônicas, Danças, Narrativas e Identidades na Terra Firme” já desenvolveu uma série de pesquisas acadêmicas sobre etniCidades Amazônicas, com o objetivo de mostrar a formação étnica da cidade de Belém e de outras cidades da Amazônia. A realização desse projeto de extensão representou uma experiência significativa de interação com a sociedade, num bairro de periferia da cidade de Belém, onde o Índice de Desenvolvimento Humano apresenta índices negativos.
Os resultados das oficinas reforçaram os diagnósticos de nossas pesquisas, no sentido de revelam o silenciamento das ancestralidades indígenas e africanas entre os moradores de Belém. Mas, para além desses diagnósticos, a realização das oficinas e a produção do videoarte e do documentário representaram um momento de intervenção nessa realidade. Num processo dialógico, em que a universidade também aprendeu bastante com a comunidade, pudemos, junto com sujeitas e sujeitos da Terra Firme, remexer as ancestralidades da cidade. E, certamente, depois dessas ações, tantos os diretamente envolvidos, como as pessoas que venham a assistir às produções desse projeto, vão repensar a constituição do bairro da Terra Firme, e por extensão, da cidade de Belém.
As atividades do projeto aconteceram em três diferentes etapas: planejamento das oficinas, realização de 04 oficinas, e a realização de 03 produtos: uma página de divulgação do projeto no gedaiamazonia.com.br, o videoarte “Um canto a Maíra” e o documentário “EtniCidades Amazônicas: o bairro da Terra Firme em Belém”.
O projeto desenvolveu atividades que promoveram um intenso intercâmbio com moradores do bairro da Terra Firme. Se a princípio estava destinado a envolver crianças e adolescentes, à medida em que as ações foram acontecendo, ostras sujeitas e sujeitos de relevo no bairro foram convidados a participar das discussões sobre o bairro. Também ganhou relevo a história de constituição da Terra Firme, a relação dos moradores com o Rio Tucunduba, a condição de periferia de uma cidade da Pan-Amazônia e a relação delicada dos moradores do bairro com as universidades.
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