Artigos
Artigos | Sobre o discurso da nudez e da antropofagia: a invenção do índio e o percurso do olhar
RESUMO: Este artigo está voltado para analisar o olhar do colonizador em relação aos índios, tomando como referência teórica, a análise do discurso. Como os primeiros navegantes europeus olharam para os povos indígenas? Como colocaram em circulação, em suas narrativas e em suas telas, discursos sobre estas sociedades no Ocidente?
Artigos | As histórias de Murué Suruí e Kudã’í Tembé: traduções e temporalidades
Ivânia dos Santos Neves
RESUMO: As literaturas indígenas, mesmo antes da colonização, sempre foram bastante heterogêneas. Atualmente, na América do Norte, por exemplo, os escritores indígenas produzem romances bilíngues, mas, no Brasil, a literatura escrita está em fase inicial. Este artigo analisa duas narrativas indígenas sobre o nascimento das estrelas e da lua, com suas diferentes versões, contadas por mulheres Suruí-Aikewara e Tembé-Tenetehara. A discussão teórica coloca em relevo questões relacionadas à pós-colonialidade, às temporalidades de diferentes universos culturais, à autoria e às possibilidades de tradução envolvendo a oralidade, a escrita e o audiovisual.
Artigos | A Antropofagia de Oswald de Andrade no filme “Como Era Gostoso o meu francês”
Vívian de Nazareth Santos Carvalho
RESUMO: Este artigo analisa como o filme de Nelson Pereira dos Santos, intitulado Como Era Gostoso o Meu Francês, aciona, de diferentes maneiras, o conceito da Antropofagia, desenvolvido por Oswald de Andrade. Inserido no contexto do Cinema Novo Brasileiro, este longa-metragem lançado em 1971, inverte os discursos historicamente construídos sobre as sociedades indígenas e europeias e, por meio da ironia e da comédia, tece fortes críticas a colonialidade, ao mesmo tempo em que mostra uma visão positiva dos povos indígenas que, no filme, são construídos como pessoas inteligentes e felizes, superiores aos personagens europeus.
Palavras-Chave: antropofagia; Oswald de Andrade; Como Era Gostoso o Meu Francês.
Disponível em: https://www.revista.ueg.br/index.php/icone/article/view/9664
Artigos | Tramas discursivas e diversidade linguística na Amazônia
Welton Diego Lavareda
Ivânia dos Santos Neves
RESUMO: Trata-se de uma proposta que visa analisar a diversidade de línguas anunciada pelo Pe. Antônio Vieira em sermões e correspondências oficiais, em especial, as materialidades que apontam o desconhecimento das “línguas da terra” como o maior empecilho para a ampliação da fé nas missões do Maranhão e do Grão-Pará. Para tanto, considero o arcabouço teórico-metodológico de Michel Foucault no quadro dos estudos discursivos (2006; 2016a; 2010a; 2010b; 2010c) e da Linguística Colonial (SEVERO, 2013; 2016; MARIANI, 2016). Almeja-se, com este artigo, também repensar a constituição de um regime de gerenciamento linguístico à época da invasão do território brasileiro e, ao mesmo tempo, refletir sobre as condições de possibilidades históricas as quais nosso patrimônio linguístico foi discursivizado a partir de uma matriz de poder instituidora de um governo da língua europeu na Amazônia. Considera-se, por fim, a complexidade da experiência colonial, o que significa que determinados conflitos linguísticos produziram também a emergência de várias tensões discursivas as quais atravessam, de certa maneira, o movimento cabano e a constituição de nosso idioma.
PALAVRAS-CHAVE: Contatos linguísticos; Dispositivo; Estudos foucaultianos; Colonização.
Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/policromias/article/view/29902
Artigos | Eduardo Angelim e a produção de verdades na província do Grão-Pará no início do século XIX
Maurício Neves Corrêa
Ivânia dos Santos Neves
RESUMO: O início do século XIX, com suas intensas agitações políticas na província do Grão Pará, marca também o momento da criação dos primeiros jornais impressos na Amazônia brasileira. Parte destes primeiros periódicos vai representar a posição contrária à anexação da Amazônia ao Império brasileiro. Como culminância das insatisfações locais, em 1835, eclodiu a Cabanagem, uma revolução popular que proclamou a independência da região em relação ao recém-criado Império brasileiro. Nosso objetivo, neste artigo, é analisar a produção discursiva sobre Eduardo Angelim nas páginas do jornal A Sentinella Maranhense na Guarita do Pará e na obra Motins Políticos de Domingos Raiol, considerando suas emergências históricas, seus jogos de poder e a produção de verdades que a envolve.
Palavras-chave: Cabanagem, Silenciamento, História da mídia
Disponível em: https://periodicos.uesc.br/index.php/eidea/article/view/2494/1965
Artigos | MAIRI, TERRA DE MAÍRA: A ANCESTRALIDADE INDÍGENA ECLIPSADA EM BELÉM
Ivânia dos Santos Neves
Michel Foucault se tornou, nestas primeiras décadas do século 21, uma referência epistemológica fundamental para a análise das produções de subjetividades. Sua obra fornece uma série de categorias analíticas que permite a problematização do “normal” e a pluralização da verdade. Neste artigo, a perspectiva arquegenealógica, procurei identificar alguns acontecimentos e as estratégias de governamentalidade relacionados ao apagamento da ancestralidade indígena na região constituída hoje pelos estados do Pará, Maranhão e Amapá, antes da invasão europeia denominada de Mairi, território dos Tupinambá e dos povos Tupi. Para isso, dei continuidade às discussões sobre etniCidades amazônicas, interessadas em compreender a pluralidade étnica dessas cidades dessa região e tomei a definição de Dispositivo Colonial, ancorada na proposição de dispositivo de Michel Foucault, para identificar como as estratégias de poder colonial continuam presentes na produção de verdades sobre este território e seus povos indígenas. O corpus de análise compreendeu as práticas cotidianas das vendedoras de ervas da floresta na cidade de Belém, os relatos feitos por André Thevet, no século XVI e a narrativa oral dos Tembé-Tenetehara “Mayra-Íra e Mucura-Íra”, contada por Kuzãí e Beware Tembé em 2015, durante trabalho de campo realizado na Terra Indígena Alto Rio Guamá, na região nordeste do estado do Pará.
Para acessar o artigo, clique aqui.
Artigos | Vidas que incomodam
Ivânia dos Santos Neves
Marielle Franco e o dispositivo colonial
O assassinato de Marielle Franco, em março de 2018, representou um duro golpe às bases democráticas do Brasil e a repercussão desse crime dividiu a população brasileira. Sua trajetória de vida e suas lutas como ativista em defesa das mulheres negras, das pessoas trans e das populações faveladas na cidade do Rio de Janeiro desafiaram as estruturas do dispositivo colonial. Ela criticou duramente as estruturas do patriarcado e as políticas de segurança pública. O objetivo deste artigo, fundamentado nos estudos do discurso foucaultianos e nas discussões decoloniais, é analisar como Marielle Franco colocou em circulação uma série de enunciados que desafiavam o dispositivo colonial no Brasil. Tomei como principal corpus de análise sua dissertação de mestrado, defendida em 2014 e uma entrevista que concedeu ao site Subjetiva em 2017.
Como Citar
Neves, I. dos S. (2022). Vidas que incomodam: Marielle Franco e o dispositivo colonial. Revista Da Anpoll, 53(2), 315–330. https://doi.org/10.18309/ranpoll.v53i2.1755
Disponível em: https://revistadaanpoll.emnuvens.com.br/revista/article/view/1755
Graduados Indígenas | Foto: Flávia Lisbôa |
Artigos | Diálogos interculturais: produção de subjetividades no conflito/negociação entre universidade e graduandos indígenas
Flávia Marinho Lisbôa
Ivânia dos Santos Neves
RESUMO: Este trabalho procurou analisar as práticas discursivas nas condições de possibilidades históricas que oportunizam o diálogo intercultural entre indígenas e a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). Nessa conjuntura, buscamos os efeitos epistemológicos dessa relação, evidenciando, por um lado, o impacto da graduação para as comunidades indígenas e, por outro lado, quais as fissuras possibilitadas na Unifesspa em função da presença indígena. Para isso, procedemos a análise por meio de um levantamento de dados no currículo e também nas produções de Trabalho de Conclusão de Curso dos alunos formados até o ano de 2018, sob a ótica dos estudos decoloniais, especificamente Quijano, Mignolo, Walsh e Spivak. Nesse cruzamento, evidenciamos o que tomamos como título deste artigo: os diálogos interculturais com vistas na produção de subjetividades no conflito/negociação entre universidade e graduandos indígenas.
Palavras-chave: Amazônia; Interculturalidade; Graduandos indígenas; Decolonialidade; Universidade.
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Artigos | Fraturas contemporâneas de histórias indígenas em Belém: sobre mármores e grafites
Ivânia dos Santos Neves
RESUMO: Neste artigo, considerando como referência teórico-metodológicas os estudos do discurso fundamentados em Michel Foucault e as definições de dispositivo colonial e etniCidades para compreender os enunciados visuais espraiados nas paisagens de Belém na segunda década do século XXI, que representam diferentes lugares de enunciação sobre a história da cidade e os povos indígenas. Tomo o frontal da Basílica de Nazaré e uma escultura de bronze de um indígena exposta na praça de um bairro nobre da cidade para marcar o discurso da colonização e, em contrapartida, analiso grafites de dois artistas contemporâneos paraenses que retomam a memória indígena de Belém em suas produções e visibilizam a pluralidade étnica da cidade. De certa forma, atualizo a antiga metáfora cunhada pelo Pe. Antônio Vieira, mas agora, em oposição ao mármore, não mais a murta e sim os grafites e sua efemeridade.
Artigos | Sobre alunos indígenas na universidade: dispositivos e produção de subjetividades
Welton Diego Carmim LAVAREDA
Ivânia dos Santos NEVES
RESUMO: O presente artigo objetiva analisar como o dispositivo colonial agiu sobre as manifestações linguísticas das populações de origem africana no período da Cabanagem na Província do Grão-Pará, para fortalecer a instauração de um patrimônio linguístico europeu na Amazônia. Assim, a partir de fontes disponíveis no Arquivo Público do Pará e no Foreing Office (Londres), este trabalho também repensa as estratégias de gerenciamento linguístico como um dos fundamentos para se discutirem as tensões discursivas que atravessam os deslocamentos linguísticos na história do português do Brasil.
Palavras-chave: Negro, Cabanagem, Dispositivo, Análise do Discurso
Artigos | Como era gostoso o meu francês e Iracema, a virgem dos lábios de mel: a mulher indígena no cinema
Ivânia dos Santos Neves
Vívian de Nazareth Santos Carvalho
RESUMO: Este artigo analisa como as obras cinematográficas Como Era Gostoso o Meu Francês (1971) e Iracema, a virgem dos lábios de mel (1979) constroem as personagens indígenas de suas tramas. Tendo como base teórica-metodológica os preceitos arqueológicos desenvolvidos por Michel Foucault, investigamos os discursos materializados nas personagens indígenas Seboipepe e Iracema. Para isto, identificamos as regularidades e dispersões entre os enunciados presentes nessas duas produções fílmicas e as formações discursivas que eles compõem. Compreendemos que essas obras cinematográficas colocam em circulação diferentes discursos sobre as mulheres indígenas brasileiras. Esses discursos estão inseridos em redes de memórias historicamente construídas e que têm suas bases alicerçadas no século XVI, época em que os portugueses chegaram ao Brasil e objetivaram o corpo e a identidade dessas nativas. A partir da análise das condições de possibilidades históricas dos discursos compreendemos também que o período da Ditadura Militar foi bastante propício para que Como Era Gostoso o Meu Francês e Iracema, a virgem dos lábios de mel se irrompessem nas telas do cinema brasileiro.
Palavras-chave: Cinema; Mulheres indígenas; Análise do discurso.
Disponível em: https://www.revistas.uneb.br/index.php/tabuleirodeletras/article/view/7402/5116
Artigos | AS MORTES DE SENHORITA ANDREZA: modos de acionamento das colonialidades
RESUMO: O objetivo deste artigo é analisar os modos de acionamento das colonialidades (QUIJANO, 2005, 2009, 2014; MALDONADO-TORRES, 2007; LUGONES, 2014) no limiar entre a existência e as mortes sociais de Senhorita Andreza, mulher negra da periferia de Belém (PA) que se tornou “celebridade” repentina e, meses depois, acabou assassinada. Como as colonialidades atuam no processo de visibilização de sujeitos subalternizados? A partir dessa questão-problema, o caminho metodológico segue a análise de quatro acontecimentos-chave e seus desdobramentos no período de exposição pública da imagem de Andreza, entre janeiro de 2016 e abril de 2017, tendo excertos midiáticos como empiria. As colonialidades que atravessam a visibilização de Senhorita Andreza se apresentam nas formas de 1) celebrificação pela via do risível e julgamento público, 2) criminalização, escárnio e racismo institucional, 3) presença fora do lugar na disputa político-partidária, 4) assassinato e negação do luto. Há, portanto, uma visibilização desumanizante, uma visibilidade incompleta, que não garante reconhecimento.
PALAVRAS-CHAVE: Colonialidade; Visibilização; Morte social; Senhorita Andreza.
Disponível em: https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/atura/article/view/9669
Artigos | Preconceito linguístico: a sala de aula e o meio digital no âmbito das políticas linguísticas
Leandro Ferreira dos Santos (UNAMA)1
Gessica Guimarães de Maria (UNAMA)2
Welton Diego Carmim Lavareda (PPGL-UFPA/UNAMA/FIBRA)3
RESUMO: Trata-se de uma proposta que visa analisar o preconceito linguístico mergulhado em dinâmica de causalidades, em especial, no âmbito das práticas, crenças e gestão da língua. Para tanto, consideramos o arcabouço teórico-metodológico de Marcos Bagno (2017; 2009), Xoán Lagares (2018) e Bernard Spolsky (2004; 2009) no quadro dos estudos da Sociologia da Linguagem. Almeja-se, com este artigo, observar a constituição de um regime de gerenciamento linguístico, a partir do mapeamento de enunciados transversais, instituidor de uma discursivização excludente no que diz respeito ao uso de uma determinada variedade linguística. Considera-se, por fim, que a complexidade de determinados conflitos linguísticos produz também a emergência de várias tensões discursivas as quais atravessam, de certa maneira, o uso real do português brasileiro.
PALAVRAS-CHAVE: Preconceito linguístico. Política Linguística. Sociologia da linguagem. Português brasileiro.
Disponível em: https://paginas.uepa.br/seer/index.php/ribanceira/article/view/3292/1499
Capítulos de Livro | Entre corpos, falas e fotografias: processos de mediação entre os Tembé-Tenetehara
Ivânia Neves
Shirley Penaforte
Introdução: O desejo de “guardar”, de “gravar” cenas cotidianas por meio de imagens sempre esteve presente em todas as culturas de que se tem notícia. Ele acompanha a história da humanidade. Em diferentes configurações, ele estava presente nas gravuras rupestres e no caráter mágico que aquelas sociedades lhes atribuíam. A fotografia e suas singularidades, de certa forma, representam mais um capítulo da história desse desejo.
Disponível em: http://www.edufu.ufu.br/sites/edufu.ufu.br/files/e-book_com_senha_o_corpo_e_a_imagem_no_discurso_-_in_focus_12.pdf
Artigos | Sobre narrativas orais indígenas: tempo e relações de poder
Desde 1998, realizo projetos com sociedades indígenas Tupi e o contato com suas narrativas orais demonstrou como elas organizam-se em diferentes temporalidades. O apagamento dessas diferenças imposto pelo sistema colonial criou a ficção de um tempo universal da história. Neste artigo, analiso diferentes temporalidades das narrativas orais Tupi. Para isso, desenvolvo, primeiro, uma reflexão sobre o processo de naturalização do tempo ocidental e sua importância na escrita da história universal, enunciada pelas línguas europeias, revisito as críticas feitas sobre o tempo etnográfico e as divergências entre tempo e representação nos estudos da linguagem. Na segunda parte, descrevo diferentes temporalidades das línguas tupi relacionadas à criação do lua e analiso a narrativa oral “Kwarahy, Sahy, Sahy-Tatawai e o fogo Suruí” do povo indígena Suruí-Aikewára, a partir das formulações de Michel Foucault (2005) sobre tempo descontínuo e genealogia e procuro mostrar como as condições de possibilidades históricas atravessam o tempo cosmológico dessa sociedade.
Palavras-chave: Genealogia; Etnografia; Enunciação
Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/boitata/article/view/31282
Artigos | Pelos olhos de Cláudia Andujar: necropolítica e coetaneidade entre os Yanomami
Ivânia Neves
Shirley Penaforte
RESUMO: tempo e as imagens não podem ser concebidos como homogeneidades, mas sim como construções históricas, imbricados em tramas culturais, envolvidos em relações de poder, intensamente administrados. Neste artigo, vamos analisar duas séries de imagens produzidas pela fotógrafa Cláudia Andujar sobre a história e a cultura do povo indígena Yanomami. Na primeira parte, dedicamos uma atenção especial às quatro possíveis formas de relação da imagem fotográfica com o tempo. Em seguida, para compreender as condições de emergências históricas da série fotográfica “Marcados”, tomamos como referencial teórico-metodológico as discussões sobre biopolítica e necropolítica. Por fim, fizemos uma discussão sobre as diferentes temporalidades apresentadas nas fotografias da série “Sonhos Yanomami”.
Disponível em: http://periodicos2.uesb.br/index.php/redisco/issue/view/193
Artigos | Corpo e memes: construção discursiva de centro e periferia no Facebook
Daniel Loureiro Gomes
Ivânia dos Santos Neves
RESUMO: A história da capital paraense é atravessada por diferentes discursos. Alguns são produzidos pela grande mídia e pelos documentos como a memória oficial da cidade, cuja visibilidade acaba por silenciar alguns de seus sujeitos e algumas de suas práticas. Essa história mantém íntima relação com a dispersão e organização histórica de povos indígenas e negros na cidade, que criou centros e periferias para determinar espaços específicos para cada grupo. Diante desse cenário, Belém, na condição deuma grande heterotopia (Foucault, 2013), é visibilizada pela web como esse espaço outro em que subjetividades são construídas por meio de memes publicados em páginas do Facebook. Este artigo analisa discursivamente esses memes como formas de construção de sujeitos, cujos corpos estão atravessados pelas marcas históricas da colonização, revelando assim a dimensão política e social que constitui esse gênero discursivo.
Palavras-chave: Corpos. Memes. Heterotopia. Belém. Web.
Disponível em: http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/littera/article/view/8121
Artigos | A presença indígena na telenovela brasileira: poder, interdição e visibilidade
1Universidade Federal do Pará, Instituto de Letras e Comunicação, Programa de Pós-Graduação em Letras. Belém – PA, Brasil
2Universidade Federal do Pará, Instituto de Letras e Comunicação, Programa de Pós-Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia. Belém – PA, Brasil
RESUMO: Neste artigo, analisamos o aparecimento de personagens indígenas nas telenovelas brasileiras e os discursos que colocam em circulação sobre as identidades indígenas. Com o objetivo de investigar quais dessas produções trouxeram personagens indígenas, realizamos um levantamento nas 665 telenovelas exibidas no período de 1963 a 2016, nas principais emissoras de televisão do Brasil, e em apenas 28 dessas ficções televisivas encontramos personagens indígenas. Tomamos como principal referência teórica a formulação de condições de possibilidades históricas dos discursos e chegamos a dois grandes acontecimentos imbricados com a produção de telenovelas e a presença indígena: a demarcação, em 1978, do Parque do Xingu e a comemoração dos 500 anos de colonização do Brasil. Observamos que os principais personagens indígenas dessas tramas são heterogêneos e estão associados a diferentes posições políticas.
Palavras-chave Telenovelas; Televisão Brasileira; Ditadura Militar; Discurso; Possibilidades históricas
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-58442019000100167
Artigos | As históriasde Murué Suruí e Kudã’í Tembé:traduções e temporalidades
Narradoras indígenas
Embora tenha nascido em Belém, na Amazônia e seja incontestável minha descendência indígena, a primeira inserção consciente nas zonas de conflitos culturais entre os povos indígenas e seus outros aconteceu já na condição de professora, no Planetário do Pará, em 1999, quando estive pela primeira vez com os Tembé–Tenetehara. Eu fazia parte de uma equipe interdisciplinar, cujo principal objetivo era traduzir de forma didática os conceitos da astronomia ocidental para os estudantes de Belém e das cidades vizinhas.
Os Tembé e os saberes de astronomia agenciados pelas narrativas indígenas de diferentes sociedades logo me faziam perceber outras cosmologias. Se nos cursos de capacitação oferecidos pelo Planetário aprendíamos a demarcar os limites científicos entre aastrofísica e a mitologia grega, os saberes indígenas, os únicos que nos deixavam ver o céu da Amazônia, inscreviam–se em uma outra epistemologia. Nesta –para mim nova –perspectiva, ciência, arte e religião estavam imbricadas e era possível perceber diferentes dimensões do tempo presente.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2316-40182018000100149
Artigos | A outra face do pe. José de Anchieta: dos feitos de Mem de Sá
RESUMO: Neste artigo trato a relação da Igreja Católica com a colonização do Brasil. Analiso discursivamente um poema pouco conhecido do Pe. José de Anchieta, Dos Feitos de Mem de Sá. Neste poema, o jesuíta revela o que, de fato, pensava sobre os índios que não concordavam com a colonização e se mostra bastante insensível aos direitos humanos. A partir da definição de ethos discursivo fica evidente a posição do padre diante das crueldades da colonização.
PALAVRAS CHAVE: José de Anchieta, Ethos Discursivo, Dos Feitos de Mem de Sá.
Disponível em: http://revistas.unama.br/index.php/Movendo-Ideias/article/view/554
Artigos | O nascimento da lua em narrativas Tupi da memória coletiva à memória discursiva
RESUMO: Este artigo apresenta uma reflexão teórica sobre a definição de memória discursiva proposta por J.J. Courtine e as aproximações possíveis com a formulação de memória coletiva de Maurice Halbwachs. Seu objetivo, baseado nas pesquisas da tese de doutorado “A invenção do índio e as narrativas orais Tupi”, é elucidar o funcionamento de uma memória discursiva Tupi, a partir de uma materialidade específica: narrativas orais de sociedades indígenas Tupi. A análise também toma como parâmetro as definições de regularidades e dispersões, de Michel Foucault.
PALAVRAS- CHAVE: Tupi, memória discursiva, lua.
Disponível em: http://revistas.unama.br/index.php/Movendo-Ideias/article/view/611/260
Artigos | DESLOCAMENTO LINGUÍSTICO NA HISTÓRIA DO PORTUGUÊS DO BRASIL: O PROCESSO DE TRANSMISSÃO LINGUÍSTICA IRREGULAR NA CABANAGEM
Welton Diego Lavareda
RESUMO: O presente artigo objetiva analisar como o dispositivo colonial agiu sobre as manifestações linguísticas das populações de origem africana no período da Cabanagem na Província do Grão-Pará, para fortalecer a instauração de um patrimônio linguístico europeu na Amazônia brasileira. O processo de teorização dos conceitos ocorrerá por meio de um diálogo entre Salles (2005; 2015), Foucault (2010a; 2010b) e Lucchesi (2015) na busca de desmembrar gestos de leitura que tornem mais plural o olhar sobre o projeto lusitano de organização da língua portuguesa como manifestação linguística oficial do país. Assim, a partir de fontes disponíveis no Arquivo Público do Pará e no Foreing Office (de Londres), este trabalho também repensa as estratégias de gerenciamento linguístico como um dos fundamentos para se discutir as tensões discursivas que atravessam os deslocamentos linguísticos na história do português do Brasil. Para que possamos tentar atribuir uma perspectiva patrimonial mais ampla das relações de poder e de forças simbólicas constituintes do nosso idioma.
Palavras-chave: Negro. Cabanagem. Dispositivo. Análise do Discurso.
Texto completo: https://revistas.ufrj.br/index.php/policromias/article/view/24916
Artigos | IMAGENS E SUBJETIVIDADES EM CIRCULAÇÃO NA WEB: ATIVISMO INDÍGENA E COSMOLOGIAS NOS ESPAÇOS HETEROTÓPICOS
Raimundo de Araújo Tocantins
RESUMO: O ativismo indígena do início do século XXI experimenta novas formas contemporâneas de circulação de sentidos, determinadas pela web. Cientes dessa realidade, indígenas integrantes deste movimento, além de ampliar o poder de divulgação de seu trabalho como ativistas, constroem, neste espaço, novas formas de subjetividades. Neste artigo, priorizo a investigação e a atuação de mulheres indígenas no cenário ativista brasileiro. Apresento neste trabalho quatro mulheres indígenas ativistas que utilizam a web para divulgação de seus trabalhos: Valdelice Veron, Célia Xacriabá, Daiara Tukano e Dijuena Tikuna. A partir das formas contemporâneas de circulação e construção de sentidos, determinadas pela mídia digital, acontece a recriação de novas formas de construção do ativismo realizada por essas mulheres indígenas. Este estudo acontece ancorado nos conceitos de subjetividade apresentado no texto O Sujeito e o Poder (FOUCAULT, 1995), e também de heterotopia desenvolvido por Michel Foucault (2009), presente no texto Outros espaços. Neste último, Foucault enxerga a modernidade constituída pela presença de espaços heterotópicos, em que convivem diferentes objetos e temporalidades. Para ele, a heterotopia por excelência da modernidade é o navio (lugar sem lugar, flutuante, lançado ao infinito do mar, de porto em porto…). Para a compreensão do papel da web como importante componente para a reconstrução das subjetividades, compreendo, a partir dos estudos de Gregolin (2015), que a heterotopia por excelência do século XXI é a web, e que nos diversos lugares instaurados pela mídia digital discursos, imagens e diferentes cosmologias são desveladas por indígenas por meio da atividade ativista visibilizada nestes espaços. Por fim, proponho a reflexão de que em meio as várias cosmologias indígenas apresentadas nos espaços da web por representantes de diferentes etnias e realidades indígenas, estes usuários nos apresentam uma realidade em comum: a imersão no universo digital com seus aplicativos, redes sociais e rádios online, apresentam indígenas em uma nova forma de cosmologia, a digital. A partir desta cosmologia, ativismo e diferentes formas de subjetividades são expostas nos espaços heterotópicos da web.
Palavras-chave: Indígenas; Ativismo; Cosmologias; Heterotopia; WEB.
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