No
Egito antigo, na ampla expansão do Império Romano ou mesmo na formação do Império
Inca, os regimes de exceção sempre se estabeleceram de forma violenta,
suprimindo as liberdades individuais, produzindo genocídios e, quando
necessário, interferindo na produção de verdades comprometidas com a a normalização
da violência. A colonização imposta pelas metrópoles europeias a partir das
grandes navegações foi, sem dúvida, uma das mais nefastas intervenções nas
formas de vida de sociedades espalhadas por todo o planeta. E embora grande parte do pensamento ocidental
insista em silenciar seu rastro de destruição, nem mesmo as duas grandes
guerras do século XX se aproximaram dos danos que ainda hoje se fazem sentir na
maior parte das ex-colônias.
Na
América Latina, as constantes reedições de ditaduras militares não nos deixam
esquecer das estratégias de submissão aos processos de globalização do capital e
ao discurso de hierarquização das racionalidade que ainda hoje afetam
profundamente esta região do planeta. Desde o início da colonização e mesmo
depois das independências políticas, os avanços econômicos e sociais, recorrentemente,
são duramente sucedidos por retrocessos que implicam, entre outras coisas, numa
grande parte da população viver na linha da miséria.
No
Brasil de 2020, mais uma vez paira a ameaça de um novo golpe militar. A chegada
de Jair Bolsonaro à presidência e a presença de uma ala militar mais
conservadora em seu governo agitam as frágeis instituições democráticas do país. Desde 2016, às vésperas do afastamento de Dilma Rousseff, passou a ser comum
manifestantes exibirem faixas pedindo o retorno da ditadura militar, do AI5. Vivemos
num Estado democrático de direito que abriga em seu seio o funcionamento do “fazer
viver e deixar morrer”, onde em nome da “segurança” de uma parte da população,
matar não é um crime, mas sim muitas vezes uma ação justificada.
Sob o lema de ‘Segurança e Desenvolvimento’,
Médici dá início, em 30 de outubro de 1969, ao governo que representará o
período mais absoluto de repressão, violência e supressão das liberdades civis
de nossa história republicana. Desenvolve-se um aparato de ‘órgãos de
segurança’, com características de poder autônomo, que levará aos cárceres
políticos milhares de cidadãos, transformando a tortura e o assassinato numa
rotina (ARNS, 1987, p. 63).
Michel
Foucault esteve cinco vezes no Brasil, 1965, 1973, 1974, 1975 e 1976, portanto conheceu
as estratégias dos militares brasileiros e sabia que o regime aqui instalado torturava
estudantes, jornalistas e todos que lhe fizessem oposição. Pelas ameaças que ele
e vários intelectuais brasileiros de sua rede de interlocução, como Benedito
Nunes e Roberto Machado sofreram, nunca mais retornou.
Nesta Quarta Sessão, propomos uma discussão sobre
Ditadura Nunca Mais e para pensá-la junto com Michel Foucault e outros autores
que se debruçaram sobre biopolítica e produção das verdades, vamos iniciar com
uma formulação que está bastante imbricada com nossas emergências históricas.
[o]s dispositivos de segurança, tais como
procurei reconstituí-los, são o contrário, tendem perpetuamente a ampliar, são
centrífugos. Novos elementos são o tempo todo integrados, integra-se a
produção, a psicologia, os comportamentos, as maneiras de fazer dos produtores,
dos compradores, dos consumidores, dos importadores, dos exportadores,
integra-se o mercado mundial (2009, p. 58).
Mediadora
Ivânia dos Santos Neves
Pós-Doutorado em Linguagens e
Governamentalidade pela Unesp de Araraquara. Doutorado em Linguística, na área
de Análise do Discurso pela Unicamp (2009). Mestrado em Antropologia pela
Universidade Federal do Pará (2004). Licenciatura em Letras pela Universidade
Federal do Pará (1992). Prêmio Jabuti 2000, na categoria didático. Experiências
na área de Linguística, Comunicação e Antropologia. Desenvolve pesquisas com
sociedades indígenas, com estudos sobre cidades e experimentações didáticas com
as novas tecnologias da informação. Líder do GEDAI - Grupo de Estudos Mediações
e Discursos na Amazônia. Atualmente, é professora do Instituto de Letras e
Comunicação - ILC da Universidade Federal do Pará, docente permanente da
Faculdade de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Letras.
Paulinho Silva
Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UFRN)
Tânia Sarmento-Pantoja
Universidade Federal do Pará (UFPA)
Possui graduação em Letras pela Universidade Federal do Pará (1995), mestrado em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (1999) e doutorado em Estudos Literários pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2005). É docente do ensino superior (Associado 3) da Universidade Federal do Pará atuando na Graduação e na Pós-Graduação. Possui experiência na área de Letras, com ênfase em narrativas de resistência produzidas nos séculos XX e XXI. Desenvolve pesquisa nos seguintes tópicos conceituais: narrativa de resistência, narrativa pós-ditatorial, metaficção historiográfica, testemunho e suas relações com a distopia, a violência, a catástrofe. Atualmente, desenvolve estágio pós-doutoral na Universidade de Lisboa. Foi Membro da Diretoria da Associação Brasileira de Literatura Comparada - ABRALIC (2014-2015). É Bolsista Produtividade em Pesquisa - CNPQ (CALL 2). É líder do Grupo de Pesquisa NARRARES - Estudos sobre narrativa de resistência.
Vanice Sargentini
Universidade Federal de São Carlos/ Universidade Federal da Paraíba
Bacharelado e Licenciatura em Letras (1985) na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Mestre (1991) e Doutora (1998) em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Pós-doutorado na Université Paris III - Sorbonne Nouvelle (2008). Professora Titular da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), instituição na qual atuou de 1996 a 2019, tendo sido Coordenadora do Curso de Letras (1998-2001), Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Linguística (2005-2007 e 2018-2019), Vice-Coordenadora do curso de Bacharelado em Linguística (2009 -2010 e 2016- 2018), Coordenadora do curso de Bacharelado em Linguística (2011 a 2013). Tem experiência na área de Teoria e Análise Linguística, com ênfase em Análise do Discurso, atuando principalmente nos seguintes temas: reflexões epistemológicas e analíticas sobre análise do discurso, identidade, mídia e discurso político.
PESQUISAS EM ANDAMENTO - DEBATES
APRESENTAÇÕES (Vídeo e Texto)
Quem é Zuzu Angel à luz dos estudos discursivos foucaultianos
Camila Ratki Krautchuk
Possui graduação em Letras - Português e
Literaturas de Língua Portuguesa, pela Universidade Estadual do Centro-Oeste -
UNICENTRO (2017) e em Pedagogia, pelo Centro Universitário de Maringá -
UNICESUMAR (2019); é Especialista em Interdisciplinaridade e Docência na
Educação Básica, pelo Instituto Federal do Paraná - IFPR (2019) e, atualmente,
cursa Mestrado em Letras - Interfaces entre Linguística e Literatura, pelo
Programa de Pós Graduação em Letras da Universidade Estadual do Centro-Oeste -
UNICENTRO (2019/2021). Em 2015/2016, atuou como bolsista do Programa
Institucional de Iniciação Científica da UNICENTRO, pela Fundação Araucária.
Ademais, é integrante do LEDUNI - Laboratório de Estudos do Discurso da
UNICENTRO, desde 2014.
Trabalho completo.
Trabalho completo.
A Heterotopia do Cinema como Lugar de Memória da Ditadura Civil - Militar no Brasil
Rafael da Cól
Doutorando
e mestre do programa de pós-graduação em Linguística e Língua Portuguesa da
Unesp - Araraquara. Possui graduação em Letras (Licenciatura Plena em Línguas
Portuguesa e Francesa) pela UNESP - Faculdade de Ciências e Letras de Assis
(2013). Desenvolveu, durante dois anos, sob orientação da Profa. Dra. Luciane
de Paula, com financiamento FAPESP, um projeto de pesquisa de nível: Iniciação
Científica, denominado: "ANTROPOFAGIA MUSICAL BRASILEIRA: o estilo de ser
Mutante", no qual pesquisou o estilo da banda Os Mutantes, sob à luz dos
estudos do Círculo Bakhtin, Medveded, Volochinov. Sob a orientação da Profa.
Dra. Maria do Rosário Gregolin, desenvolveu o projeto de mestrado denominado,
" ANÁLISE DO DISCURSO FÍLMICO PELA LENTE FOUCAULTIANA: uma
arqueogenealogia da homossexualidade em filmes do cinema brasileiro", que
tem como intuito analisar as representações de personagens homossexuais no
cinema brasileiro, verificando os as representações da homoafetividade no
cinema nacional, com base nos estudos de Foucault. Atualmente, sob a mesma
orientação desenvolve o projeto de doutorado intitulado, AS RESISTÊNCIAS EM
FILMES NACIONAIS SOBRE A DITADURA MILITAR (1994 ? 2018): o método
arquegenealógico na análise de discursos cinematográficos, fomentado pelo CNPq.
É membro do GEADA (Grupo de Estudos de Análise do Discurso de Araraquara), com
área de pesquisa em Letras, com ênfase, em: análise do discurso, filosofia da
linguagem, canção, cinema e literatura. E atuação em: língua portuguesa,
produção de texto, interpretação, literatura brasileira e língua francesa.Trabalho completo.
Política de memória na produção de subjetividades contemporâneas: as verdades (des)veladas
Yuri Mello
Doutorando em Linguística e Língua Portuguesa pela
Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - Unesp
Araraquara. Possui mestrado em Linguística e Língua Portuguesa, bacharelado e
licenciatura em Letras (Português, Francês e Literaturas) pela mesma
instituição. Tem experiência como pesquisador na área de Linguística, com
ênfase em Análise do Discurso, e Mídias.
Trabalho completo.
Trabalho completo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário