Raimundo de Araújo Tocantins
Resumo: O ativismo indígena do início do século XXI experimenta novas formas contemporâneas de circulação de sentidos, determinadas pela web. Cientes dessa realidade, indígenas integrantes deste movimento, além de ampliar o poder de divulgação de seu trabalho como ativistas, constroem, neste espaço, novas formas de subjetividades. Neste artigo, priorizo a investigação e a atuação de mulheres indígenas no cenário ativista brasileiro. Apresento neste trabalho quatro mulheres indígenas ativistas que utilizam a web para divulgação de seus trabalhos: Valdelice Veron, Célia Xacriabá, Daiara Tukano e Dijuena Tikuna. A partir das formas contemporâneas de circulação e construção de sentidos, determinadas pela mídia digital, acontece a recriação de novas formas de construção do ativismo realizada por essas mulheres indígenas. Este estudo acontece ancorado nos conceitos de subjetividade apresentado no texto O Sujeito e o Poder (FOUCAULT, 1995), e também de heterotopia desenvolvido por Michel Foucault (2009), presente no texto Outros espaços. Neste último, Foucault enxerga a modernidade constituída pela presença de espaços heterotópicos, em que convivem diferentes objetos e temporalidades. Para ele, a heterotopia por excelência da modernidade é o navio (lugar sem lugar, flutuante, lançado ao infinito do mar, de porto em porto...). Para a compreensão do papel da web como importante componente para a reconstrução das subjetividades, compreendo, a partir dos estudos de Gregolin (2015), que a heterotopia por excelência do século XXI é a web, e que nos diversos lugares instaurados pela mídia digital discursos, imagens e diferentes cosmologias são desveladas por indígenas por meio da atividade ativista visibilizada nestes espaços. Por fim, proponho a reflexão de que em meio as várias cosmologias indígenas apresentadas nos espaços da web por representantes de diferentes etnias e realidades indígenas, estes usuários nos apresentam uma realidade em comum: a imersão no universo digital com seus aplicativos, redes sociais e rádios online, apresentam indígenas em uma nova forma de cosmologia, a digital. A partir desta cosmologia, ativismo e diferentes formas de subjetividades são expostas nos espaços heterotópicos da web.
Palavras-chave: Indígenas; Ativismo; Cosmologias; Heterotopia; WEB.
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