Dissertação | Necropolítica linguística: silenciamento e resistência da língua Tenetehara nas aldeias do Guamá


CRISTIANE HELENA SILVA DE OLIVEIRA
BELÉM/ PA
2018

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará – UFPA, como requisito para obtenção do título de Mestre em Letras, na área de concentração Estudos Linguísticos, sob a orientação da Profa. Dra. Ivânia dos Santos Neves.

RESUMO

Neste trabalho trazemos o conceito de Necropolítica do camaronês Achille Mbembe tangenciado para a linguística a fim de evidenciar silenciamentos linguísticos ocorridos com as sociedades indígenas brasileiras, mais especificamente os ocorridos com a sociedade indígena Tenetehara. Assim sendo, para nortear esta pesquisa trabalhamos com o objetivo de promover uma análise discursiva acerca das práticas de silenciamento linguístico vivenciadas pelos indígenas Tembé-Tenetehara. Este trabalho está dividido em três capítulos, no primeiro, buscamos apresentar as sujeitas e sujeitos da pesquisa e suas relações com sua língua e cultura, através de uma série de observações e memórias das pesquisas de campo realizadas desde 2015 e de autores como Geertz (2008), cujas reflexões sobre etnografia nos ajudam a fazer pesquisa de campo. Também tomamos como referência Galvão; Wagley (1961), Meira (2017), Gomes (2002), Neves; Cardoso (2015) e Valente (2017) que dedicaram suas pesquisas ao estudo das sociedades indígenas. No segundo, trouxemos algumas teorias da linguística e do discurso para discutir o poder que a língua pode exercer em uma comunidade, sociedade, povo ou população, a partir de Foucault (1996; 2008), Bagno (2007), Scherre (2005), Savedra; Lagares (2012) e Oliveira (2001). Com Fabian (2013) e Neves (2018) propusemos uma discussão sobre a noção de tempo ocidental e tempo cosmológico, a partir do cotejamento das narrativas de origem das línguas nas perspectivas do povo Makurap (Silva, 2003) e da Bíblia. A segunda divisão teórica trata especificamente das sociedades indígenas e de como os Tenetehara foram silenciados nas Aldeias do Guamá, para estas análises, nos fundamentamos em Neves; Carvalho (2014) e Mignolo (2008) e procuramos discutir o conceito de colonialismo. Barreto (1998) e Fiorin (2000) ilustram como a língua indígena tupi era vista dentro da literatura brasileira. Para finalizar, colocamos em discussão as formulações de Biopolítica propostas por Foucault (1988; 1996; 2000) e retomadas por Mbembe (2016), que analisam o poder do soberano, aniquilação dos corpos e Necropolítica. E, por fim, e como não deveria faltar, as vozes indígenas são representadas pelos próprios indígenas Krenac (1999), Smith (2016) e Tembé (2017). Os achados iniciais apontam que trazer o conceito de Necropolítica para uma discussão linguística é extremamente desafiador.

Palavras-chave: Língua Indígena. Necropolítica. Política Linguística. Necropolítica Linguística. Tenetehara.
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