Moisés Sarraf
Este dissertação busca percorrer o tema aniversário de 400 anos de Belém,
comemorado em 2016, para compreender como se dá a construção do discurso sobre
o aniversário da cidade, bem como os temas, os enunciados e outros discursos
com quem traça vizinhanças e relações. Para isso, vamos procurar materialidades
na imprensa da cidade, traçando um paralelo entre os anos de 1966 e 2016, de
modo a caracterizar o discurso em seu movimento em dois momentos de comemoração
da cidade. Por fim, vamos procurar grupos políticos que fugiram a uma
comemoração oficial da festa. Assim, conduziremos uma pesquisa de caráter
etnográfico junto a um grupo que compõe a comunidade afrorreligiosa de Belém,
procurando compreender quais os sentidos e significados que a tal grupo atribui
à festa do aniversário da cidade para contrapor os resultados. Nosso aporte
teórico-metodológico está baseado na análise do discurso, especialmente na
arqueologia do saber de Michael Foucault, bem como na utilização desta
metodologia no estudo de materialidades midiáticas em Rosário Gregolin. Nossa
pesquisa de campo conta, ainda, com a interpretação das culturas de Clifford Geertz,
a etnografia urbana de Mássimo Canevacci e a história oral de Alessandro
Portelli. Vamos nos apoiar, ainda, em um aporte teórico da História Social e da
Antropologia para discutir os resultados. O objetivo principal é, portanto, caracterizar
as tensões discursivas que se desenrolam na Amazônia urbana durante a comemoração
do aniversário de Belém, demonstrando seu caráter político e relacional entre
diferentes projetos, que reverberam em temas como cidadania e o direito à cidade.
Palavras-chave: Belém; análise do
discurso; Amazônia; Afrorreligiosidade.
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